quarta-feira, maio 31, 2006

Minha breve amiga - parte II

Na sua relativa longevidade de 29 dias, (para as moscas a expectativa de vida é de 25 a 30 dias)Zilda, minha pequena grande amiga mosca, revelou-me um segredo, que não queria levar ao túmulo e necessitava desabafar: era uma mosca vitalina. Para meu espanto Zilda chorou. Lágrimas brotaram de cada um dos seus milhares de olhinhos tristes. Observei seus cílios delineados tão semelhantes aos dos nossos olhos humanos. A maquiagem borrou, mas ela se mantinha firme. Enxugou o rosto e disse-me o segredo das relações universais bem sucedidas, que ela infelizmente se absteve por uma vocação religiosa, mas agora arrependia-se. Não deixava descendentes e prometia a si mesma que não desejar nunca mais ser a mosca do cocô do cavalo do Marcola. Assim despediu-se de mim e contou-me seu último segredo para o sucesso entre as mulheres: As regras de ouro do acasalamento universal. Agradeci-lhe sua preciosa dica e prometi pensar a respeito dos preciosos segundos...

E foi num último beijo que nos despedimos. Ela então mergulhou na minha sopa e eu pedi ao garçom que trocasse o prato, desde que este lhe desse um funeral a sua altura. Que Zeus a acolha amorosamente em seus jardins celestes.

segunda-feira, maio 29, 2006

Minha breve amiga


Esta é a minha amiga chamada Zilda e ela é uma mosca.
Me conhece a tempo pra caramba: 26 dias. Quase sua vida inteira.

Conversando com minha pequena grande amiga Zilda, perguntei-lhe se ela também sentia esse efeito atordoante do tempo ficando cada vez mais curto. Disse-me que por sorte, não sendo ela um inseto, foi dotada de um núcleo cerebral de frequência distinta da minha, o que segundo a Freqüência Schumann, provoca aos vertebrados essa sensação de descompasso progressivo e percepção acelerada do tempo. Não é à tôa, ó leitores que não só os velhos se dão conta disso, mas todo o mundo, pois a frenqência do planeta está cada vez mais acelerada do que a do nosso cérebro, especialmente nos últimos 50 anos. Os dias estão mais curtos e não entendemos porque nosso relógios estão ajustados a essa freqüência, e os dias diminuem mas obedecem a sobreposição dos dias pelas noites num ciclo infindável...

Levando-se em consideração essa questão, arriscaria afirmar que cometemos um grande engano ao dizer que a expectativa de vida média do Homem aumentou nas últimas décadas. Vivemos o mesmo tanto de tempo, só que os dias e noites alternam-se mais ligeiramente...
Só que temos uma vida mais estressada e menos saudável o que provavelmente deve nos matar muito mais cedo do que o previsto.

"Eis a relatividade do tempo", disse-me Zilda. "Enquanto tu aguardas o salário do próximo mês, eu vivo toda a minha vida, contemplando com muita sorte, duas luas cheias." Deu-me um beijo (na realidade uma lambida carinhosa, como as moscas fazem) e saiu voando toda faceira... Era uma senhora da terceira-idade e ainda tinha muito de sua vida pela frente...

domingo, maio 21, 2006

Amendoins mágicos



Depois do café, eu e minha Carlinha comemos uns amedoins que resultaram em intrigantes efeitos colaterais. Corríamos pela casa feito "patetas". Um voava enquanto o outro pilotava, com direito à sonoplastia e uma capa de edredon. A Lalinha nos perseguia botando ordem na casa. Levando em consideração que não tínhamos 5 anos de idade, de fato não éramos apenas patetas. Éramos SUPER-patetas. Achos que esses amendoins são mágicos, e olhe que são vendidos em supermercado como qualquer outro. Precisamos plantar um pouco deles por aqui, para utilizá-los em outras experiências...

sexta-feira, maio 19, 2006

A Matemática da Vida II


(c) www.malvados.com.br

quinta-feira, maio 18, 2006

Dancem macacos, dancem

Mais um desses interessantíssimos vídeos que colaboram em nos lembrar quem somos nós.
Agradecimentos ao camarada Janos Biro que traduziu e legendou o vídeo, cujo autor é Ernest Cleine. Se você queiser ver o vídeo direto no YouTube o link é aqui.

quarta-feira, maio 17, 2006

Pérola do design cearense

E a cada dia o Design se "especializa" mais...
Onde vamos chegar, oh Zeus?


Perdoem-me a qualidade da foto, mas ela foi tirada com o celular, um pouco antes
da minha psicoterapia semanal. Foi o jeito falar em suicídio na sessão...

segunda-feira, maio 08, 2006

A Matemática da Vida


(c) www.malvados.com.br

quarta-feira, maio 03, 2006

Ser ou não ser...

Zeus hoje me deu uma boa dica. Disse que se eu queria um ótimo exercício de tornar-me protagonista da minha vida, buscando a auto-realização, eu deveria buscar um curso de inicação teatral, afinal a vida é assim mesmo, cheia de papéis e um roteiro de ocasião. É uma boa forma de levantar do sofá existencial. Vou procurar um curso desses e quem sabe como ator eu serei mais cara-de-pau e menos auto-piedoso do que preciso. E de quebra ainda posso ganhar uns trocados no Big Brother. Minha terapeuta me sugeriu fazer o curso de formação em Sociodrama, escola fundada pelo Moreno, que forma os psicodramatistas. Já faz tempo que ela diz que eu sou um talento desperdiçado na Psicologia. De fato, como psicólogo eu daria mesmo um bom adestrador de camudongos com síndrome-do-pânico.

segunda-feira, maio 01, 2006

E se fôssemos imortais?

Putz, se fôssemos imortais a vida perderia totalmente o sentido. Senão vejamos:

Nós não dormiríamos para recuperar energia, pois esta nunca se esgotaria. Nem precisaríamos comer para alimentar nada que se acabe. Não usaríamos o banheiro portanto para ejetar nada. Não precisaríamos de papel higiênico nem shampoo. Nem escovaríamos os dentes, já que não comeríamos nada mesmo. Nem precisaríamos tomar banho, já que não excretaríamos nada pela pele, nem mesmo suor nem já que água não beberíamos. E nem nos sujaríamos com poeira, já que não produziríamos nada. Nem usaríamos roupas, sapatos ou qualquer proteção, pois não sangraríamos até a morte. Na realidade não teríamos nem sangue (pela falta de água citada anteriormente e pela falta de necesidade de se transportar oxigênios para as células. Não precisaríamos nos dar ao trabalho de respirar. Não trabalharíamos pois não precisaríamos de comida, remédios, nem nada. Não precisariamos de abrigo, nem de segurança. Nem ter medo de assalto ou de assassinato (por que por um lado não teríamos posses nem pelo outro, ninguém precisaria roubar nada para ter dinheiro). Não precisaríamos fazer sexo, pelo menos não para fins reprodutivos, já que não haveria espaço no mundo para ninguém mais, nem necessidade. Na realidade talvez nem nosso orgãos sexuais existissem, já que nem os anjos nem o Walter Mercado não os tem. Nem precisaríamos praticar esportes para ficarmos saudáveis. Nem de tirar meleca do nariz, pois não teria matéria prima. Nem de assobiar, pois não haveria necessidade de chamar ninguém. Nem de estudar para ficar inteligente, pois não teria trabalho ou emprego. Nem de vacas, galinhas e outros bichos injustamente domesticados para servirem de alimento. Nem teríamos cães de estimação já que não haveria necessidade de segurança nem haveria ração para alimentá-los. Nem precisaríamos assistir o noticiário para saber o que estaria acontecendo pois provavelmente não aconteceria nada. Nem atropelamentos, nem crises, nem nascimentos, nem inflação, nem vitórias de grupos filantrópicos. Não coçaríamos o saco que estaria sempre limpo. Não precisaríamos de psicólogos, professores, sacerdotes, fazendeiros, cultivadores, transportadores, açougueiros, encanadores, policiais, bombeiros, muambeiros, fiscais da prefeitura, chefes, empregados. Não comeríamos mais saudavelmente por que não comeriamos nada. Nem tira manchas. Nem drogas legalizadas ou ilícitas para fugirmos da realidade, porque não teria pra onde ir. Sem medo, não há necessidade de religiões. Nem defenderíamos nenhum ponto de vista nem pediríamos socorro, porque ninguém se importaria...

Fofocas divinas (ou delírios iamemísticos) parte II

Uma característica nossa, como mamíferos robotizados que somos, é a de protelar sempre qualquer atitude de mudança fundamental que beneficie nosso desenvolvimento pessoal (no sentido integral, naturalmente). O Caminho de Auto-realização é longo, cansativo e cheio de sofás. A gente de vez enquanto senta para dar uma descansadazinha rápida em um deles e quando menos esperamos passaram alguns anos enquanto estávamos sentados. Alguns são poltronas simples que facilitam o retorno rápido ao Caminho. Outros são enormes e maravilhosamente confortáveis, com TV, ar-climatizado e frigobar ao lado. Quanto mais conforto, mais nos perdemos e mergulhamos numa auto-alienação. E só mesmo quando há um interferência "externa" (cortam a energia do frigobar, ou a programação da TV sai do ar por um momento) é que nos damos conta de que estávamos sentados ali provisoriamente, e nos pomos a Caminhar novamente. Muitos nem se levantam.



No plano prático esses momentos normalmente são uma sacudida: uma doença repentina, um acidente, uma falência inesperada, ou um óbito próximo. Todos de certa forma relacionados com a perspectiva de morte eminente, que é capaz de levantar qualquer um do "sofá existencial" e por a mão na massa. Basta o médico dizer que se não pararmos de comer ou fumar aquilo que nossos dias estão contados. Para uns basta um aviso, a Morte dá só um "psiu" de longe ou telefona. Aos menos atentos ela dá uma cutucada no ombro. E para outros só mesmo um chute no saco, que pode vir em forma de um infarto, um derrame, ou um incêndio de sua casa. As mensagens vem de acordo com os nossos ouvidos. "Quem tem ouvidos que ouça", já era dito em um certo manual de bordo.

Foi aí que liguei o meu neuro-modem e fiz mais uma conexão com "Zeus", para saber o porque desse lero-lero. Disse-me que isso era um dispositivo instalado em cada um de nós, tecnologia antiga mas eficiente, que Ele instalou já alguns vários milhões de anos. Antes era pior. A gente recebia um choque nos testículos, mas como um dia ficamos eretos e mais sabidinhos, não precisou mais do método bovino. Arrisquei-me perguntar-Lhe qual era o sentido da Vida se lá no final a Morte estaria esperando de braços abertos de qualquer forma. E Ele respondeu-me com um sorriso: "Ué? E você acha que se todo mundo fosse imortal alguém se levantaria do sofá?". Vou pensar sobre isso...