sábado, fevereiro 25, 2006

Dica de filme


Este assisti pouco tempo atrás e muito me surpreendeu. É daqueles filmes que se eu fosse perguntar pro sujeito da locadora se era um bom filme, ele certamente responderia que é meio maluco ou difícil de entender. O interessante é que é uma comédia, e é difícil encontrar comédias inteligentes e divertidas ao mesmo tempo. É claro que existem os filmes do Woody Allen, mas esse aqui é tão bom quanto, e creio que até melhor em muitos aspectos aspectos.

Trata-se de um sujeito que tem uma ONG de defesa a espaços verdes, e acaba envolvido com uma grande magazine (Huckbees) que quer utilizar-se da sua ong para promover a imagem de "responsabilidade ecológica" da empresa. Nisso o camarada acaba passando por algumas coincidências (sincronicidades) que o levam a procurar um casal de detetives existenciais (que investigam a razão de se estar no mundo, o "quem somos nós e para onde vamos?").

Muito bem sacado, com diálogos interessantíssimos e situações inusitadas. Recomendo.

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Memórias III (Os Filhotes da Girafa)

Ah, essa eu não poderia deixar de escrever, pois trata-se daqueles aprendizados infantis ensinados pelos irresponsáveis (mas não tão conscientes) adultos, e que tem repercussão por toda a vida. Uma vez, visitando o zoológico com tias e primos, perguntei para uma tia o que eram as manchas que as girafas tinham em seus pescoços. E sabe-se lá de onde ela me trouxe a resposta de que eram os filhotes da mamãe-girafa.

Talvez para ela tenha sido uma resposta bobinha que deve se dar às crianças que perguntam muito, mas para mim foi impactante. Neste dia queimei muito miolos para tentar entender o que os filhotes faziam pregados no pescoço. Seriam eles carrapatos? Eles se despregariam e ganhariam patas? Ela os aprisionava? Eram pesados? Seriam só as costas deles e eles estariam por debaixo da pele? Porque não uma bolsa como as dos cangurus? Porque marrons? E as girafas ficariam sem manchas (filhotes) em algum momento? Existem girafas sem manchas fora do zoológico? Quais outros bichos também seriam assim? Eu e os meus irmãos também teríamos brotado da pele de minha mãe? Não. Eu havia visto a barriga dela crescer e sair de lá a minha irmã...



Enfim, muitas foram as perguntas para o um processador de dados de 8 anos. Tentava achar uma (zoo)lógica para este fato e em nenhum momento questionei a autoridade e sabedoria de um "adulto", e nesse caso a falha deveria estar comigo mesmo, mas eu precisaria encontrar as respostas...

Talvez este tenha sido um dos grandes impulsonadores para o que sou hoje. Um cara bem desconfiado, meio cético meio místico, um tanto inteligente um tanto louco (dizem), meio poeta meio "cavalo-batizado". E justifica a minha sede insaciável de saber e de auto-conhecimento, de buscar a verdade por trás do aparente, de saber o que se esconde por baixo das máscaras de todos. E claro, aprendi desde cedo a desconfiar de tudo, da autoridade dos adultos, da autoridade dos sacerdotes, da autoridade dos governantes. Tive que eu mesmo tentar entender o Universo, evitando sempre que possível os intermediários, que muitas vezes causavam "ruído" na comunicação.

Eis aí um novo projeto. Meu próximo livro, sobre a fantástica experiência do conhecimento sem intermediários. Talvez um paradoxal livro de auto-ajuda (já que este já se proporá a intermediar algo), um livro despertador de uma desprezada lógica infantil. Esse é o ponto! Um revolucionário livro de auto-ajuda infantil, para que as crianças desenvolvam sadiamente sua inteligência e auto-estima e não caiam nas garras dos terríveis sofistas: os adultos.

O livro se chamará "Os Filhotes da Girafa" e quem quiser, já pode fazer a reserva!

Realidade(s)



[ essas fotos foram tiradas na Av. Oliveira Paiva ]



A cabeça de alguém que começa a sair do seu eixo. A sensação é a de que sua percepção visual não acompanha o movimento eletrônico dos seu átomos em vibração acelerada. Estes reforçam a idéia de que estamos sempre de passagem, seja num significado reencarnacionista ou seja no puro sentido de que o espaço-tempo é uma grande ilusão. Nos movimentamos pelas ruas e acreditamos nisso, mas a rua também movimenta-se em nós, e esse ser "nós-rua" movimenta-se no infinito. Pode até ser poético mas é assustador... Quantas ruas a serem percorridas dentro de nós...

Porque tenho medo de perder o controle?
Será que com a morte do Gorila haverá esperança?

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Alex Grey


(clique na imagem para aumentá-la)

Esta acima é a Sophia (sabedoria). É realmente incrível a produção artística desse camarada. Chama-se Alex Grey e é possível ver suas obras em seu site oficial http://alexgrey.com/



Uma série muito intrigante mostrando os corpos sutis está em:
http://www.sacredmirrors.org/mirrors_view2.html

São imagens do corpo externo, do sistema muscular, do sistema linfático, do corpo etérico e por aí vai... Uma riqueza de detalhes impressionante. Segundo sua biografia ele começou sua carreira desde pequeno, incentivado por seu pai que era designer. Desde cedo se apaixonou pelos assuntos de morte e transcendência e escolheu este tema para suas obras. Foi professor (e ilustrador) de representação artística da anatomia e em determinado momento da sua vida, depois de experiências metafísicas, passou para o lado do transcendentalismo convicto.

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Experiência cotovelística

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"Tradução":
Será divertido escrever com os cotovelos? Eu gostei! Talvez eu até escreva um livro assim. Ou pelo menos uma carta de amor ou trabalho de faculdade... Talvez essa seja a dificuldade dos gigantes de digitarem em nossos tecladinhos. Meus cotovelos não são tão eficientes quanto eu julgava. Mas aí já é querer demais, né?

Memórias II

(...)

Me lembro também do dia em em que completei os 7 anos. Os "velhos" viviam dizendo que era a tal da "Idade do Juizo". Acordei neste dia me sentindo (ou querendo me sentir) diferente (claro que foi a expectativa) e me lembro de ir "bem longe" (lá na área de serviço do apartamento que morava) e me investigar. Em pé eu olhava para as minhas mãos, meus braços e para dentro de mim, e perguntava-me o que estava diferente. Fiz até alguns cálculos para checar se de repente eu estava mais inteligente que no dia anterior. Mas isso não importava, pois finalmente eu tinha juizo e já poderia beber, fumar e dirigir.

(...)

Outra vez, (eu era ainda mais novo) intrigado com o que um amigo me disse no colégio (acho que era no Jardim II) resolvi investigar o tal do "anãozinho que controla a luz da geladeira apagando e acendendo sempre que abrimos e fechamos a porta". Meu amigo me garantiu a informação pois foi um outro amigo dele que o disse, que por sua vez foi um outro ainda que repassou, e por aí se extendia uma enorme rede mundial de "meninos curiosos que detinham informações preciosas que os adultos não se interessavam". Enfim, cheguei do colégio, esperei minha mãe sair de perto e comecei a tirar as coisas da geladeira. Meus planos eram de retirar também as prateleiras e entrar lá, para fechar a porta e ver o que acontecia dentro. Infelizmente minha mãe chegou e como não acreditava muito no meu espírito científico me deu uma bela surra acabando com os meus planos. No final da história quem saiu no lucro foi a "Psiquet", uma gatinha pé-duro lá de casa, aproveitando a generosidade do menino que montou um banquete no chão da cozinha...

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Memórias I



Quando eu era pequeno me perguntava porque o xixi não saía preto depois que tomava Coca-cola.

(...)

Em outra ocasião me perguntaram no colégio como não-sei-quem, em uma passagem bíblica, (sim, colégios públicos brasilienses tinham aulas de educação religiosa, mesmo num Estado Laico) havia reconhecido Adão numa fila com vários homens, (a resposta "correta" era que ele seria o único homem sem umbigo de todos ali). Mas a minha (já) lógica aos 6 ou 7 anos respondeu de imediato: "Ora, ele era o mais velho (avô) de todos!".
(E não faz mais sentido?) Mas errei a pergunta e não ganhei estrelinha feita com lata de Nescau.

(...)

Aliás, falando em Bíblia, me lembro que eu morria de medo dela. Vez ou outra me deparava com ela na estante do fim do corredor... Apesar de centenas de livro, ela se destacava por ser um livro gigantesco (um dos "2 maiores livros da humanidade", segundo minha opinião literal da época eram: A Bíblia e o Dicionário Aurélio). Tinha medo porque achava que, se eu começasse a ler, quando terminasse estaria velhinho, com longas barbas brancas e não teria percebido o tempo passar ao meu redor, deixando de ser criança... (Hoje vejo que isso pode ser bastante verdadeiro!).

(...)

Bem verdade que além disso, eu tinha medo que ela caísse em cima de mim e me esmagasse. Aliás, falando em medo e em colégio público de Brasília, eu morria de medo também de hastear a bandeira. Fazíamos isso semanalmente. Me lembro que alguns colegas se orgulhavam e brigavam para serem escolhidos a fazê-lo. Eu achava um absurdo que 3 alunos (dois hasteando e um que trouxe a bandeira) se sentissem felizes de estar na frente de centenas de crianças que cantavam o hino nacional. Esse ritual acontecia na segunda e na sexta, num sobe e desce toda semana. Acho que o meu "leonismo" ainda não estava despertado ainda. (Hoje mesmo não sou uma Brastemp em matéria de leonino e de extroversão).

(...)

E finalizando o tema bíblico-federalista-fóbico, gostaria de assumir aqui que até hoje não sei nenhuma oração católica nem o hino nacional completos. Quando tenho que participar compulsoriamente de algum destes rituais, pego de surpresa, enrolo mesmo, sem o menor peso na consciência...