quinta-feira, setembro 29, 2005

O Sentido da Vida - parte II - Reencarnação

Como sentido evolucionista-espiritualista de vida, alguns acreditam em reencarnação por puro egoísmo. "Ora, se o fim é a morte então a vida não teria sentido", dizem. Ora digo eu! Isso foi só a inversão do conceito: se não tem sentido, não tem reencarnação. Outros adesivam seus carros com "Reencarnação: uma questão de justiça". Um absurdo. Reencarnação vira prêmio por bom comportamento, e parte do mesmo princípio invertido, de que não seria justo o fim com a morte "logo" existe continuidade...

É bom frisar que quando aqui me refiro à reencarnação e a critico, estou falando da crença alheia em uma individualidade que reencarna, uma personalidade que continua. Quando o Zé morre, e depois reencarna séculos depois como Maria, isso não significaria que mudou, apensa assumiu um novo papel de vida. Isso aí é a reencarnação de uma personalidade, de uma individualidade, a mesma que pensa, que diz "agora nesta outra vida serei assim ou assado para aprender tal coisa." Nisso não acredito. A gente tem esse péssimo hábito de achar que temos o controle do nosso destino. Ou de que temos tanta importância assim na Comunidade da Vida. Já pararam para pensar que a quantidade de humanos é uma infinitésima e desprezível parte no número de espécies existentes no planeta?

Nesta mesma lógica o Zé que nesta vida mesmo resolve virar Brigitte e faz uma cirurgia de mudança de sexo, ele reencarnou.

A cada dia, a cada minuto, perdemos milhares de células epiteliais que são substituídas por outras. As nossas hemácias não duram mais que 90 dias (isso significa que a cada 90 dias temos um sangue dieferente). E assim vai, até que num espaço que a ciência coloca como uma média de 7 anos tenhamos trocado todas as nossas células. Isso é uma prova clara de que reencarnação existe. A mesma consciência habitando um novo corpo (parecido com o anterior, é verdade mas é outro corpo).

Outro dia meu celular reencarnou: mudei de aparelho mas o número permaneceu o mesmo!

quarta-feira, setembro 28, 2005

O Sentido da Vida

Creio que às vezes pareço um cara totalmente descrente dos milagres que ocorrem neste plano de existência. E isso é verdade. Tem dia que acordo dando murro em ponta de faca. E tem outros que consigo me emocionar com a generosidade de uma árvore.

Se perguntassem qual a minha posição em relação a questão da existência da divindade (o que normalmente parece um plebiscito) eu não sei nem o que diria. Acho que sou agnóstico, mas esse negócio de ser dizer alguma coisa é muito complicado e comprometedor. Perguntar se uma pessoa acredita ou não em alguma coisa é uma perda de tempo tamanha: uma pedra existe independente de algumas pessoas acreditarem e outras não. E se a pedra não existe, a perda de tempo é a mesma.

Eu até hoje não consegui descobrir qual é o sentido da vida. Sei que estamos aqui e que tentamos florear tudo de toda forma possível. Inventamos motivos e acreditamos neles. Pintamos de dourado nossas gaiolas. Mas no final das contas mesmo, somos só nós e nós mesmos. Na hora do aperto todo descrente faz seus acordos com as esferas sutis, para livrar seu rabo do perigo. Acabando o perigo cada um volta ao seu automatismo.

Eu também faço isso. Na hora do aperto peço ajuda para alguma coisa, já me perdoando por ser tão cara-de-pau de só lembrar nessas horas...

terça-feira, setembro 27, 2005

Penso, logo penso que existo.




Não sou filósofo, mas às vezes penso que quando nosso amigo Descartes começou a duvidar de toda a realidade até chegar a esse "eu" que pensa, e "pensou" que assim teria um ponto de partida para a explicação da realidade das coisas, creio que ele tenha descartado (com o perdão pelo trocadilho) o fato de que isso também poderia ser uma mera ilusão. Os empiristas teimam em crer que o conhecimento vem (só) da experiência, e os racionalistas por outro lado acreditam que o conhecimento jaz dentro do Homem, precisando ser alcançado ou despertado.

Ambas correntes estão erradas. E ambas também estão certas.
Isso é o que até proporia o Construtivismo, buscando um meio-termo entre ambas, afinal o Homem (e muitos dos demais animais irracionais como ele) traz elementos de conciência e conhecimento antes do aprendizado própriamente dito. E o mundo o modela, claro, trazendo novas referências e novos pontos de vista. Mas gostaria de saber se toda essa construção, esse "a priori" e esse "a posteriori" existem mesmo.

O budismo e outras tradições milenares já diziam que esse mundo não passa de ilusão. Coisa que as Ciências da Consciência estão hoje chegando a um concenso. De que o que entendemos como realidade é apenas uma construção cerebral. O cérebro interpretando o universo, uma completa dissociação entre sujeito e objeto.

O importante é não confundir a "ilusão" que as tradições espiritualistas mencionam, com a ilusão somente dos sentidos. Assim estaríamos puxando a brasa para os empiristas e/ou construtivistas. Na realidade a ilusão é também da consciência do próprio eu que pensa que existe.

Por isso é que é uma bosta pensar sobre isso. Somos meras bostas navegadoras pensando sobre a origem das bostas. Algumas de nós vislubram até o furico transcendental que nos teria colocado neste mundo. Mas essa é outra história.

E outra coisa: bostas não são coisas ruins, não. A relatividade da interpretação das bostas é que faz a gente ter essa impressão. Elas são feitas dos mesmos elementos que nos constituem. O Homem, uma árvore, uma pedra, uma nuvem, ou a bosta do cavalo do bandido. Somos tudo farinho do mesmo saco.

Bostas: unidas venceremos!

segunda-feira, setembro 26, 2005

Ornitorrinco????



Já se passaram alguns minutos e eu não publiquei mais nada sobre ornitorrincos. Creio que o assunto tenha se esgotado. Prometo a vocês que não falarei mais deles tão cedo.

Afinal, ornitorrincos não são nada do outro mundo... São somente lontras mascaradas.

Compromissos e ornitorrincos

Passaram-se quase 3 semanas e nada de escrever sobre mim ou sobre qualquer coisa. Já dá para ver que diciplina e determinação não é o meu forte. Acho que sou fogo de palha mesmo. Sou bom para iniciar as coisas mas péssimo para finalizá-las. Isso, principalmente no que diz respeito às MINHAS coisas.

Para outros é mais fácil. Não temos muito compromisso (não estou falando de trabalho nem clientes, é claro), e se dá errado foi um favor mesmo que a gente fez! Então é mais fácil tirar o povo do sufoco, ajudar a começar as coisas e até terminá-las, mas fazer isso para gente (para mim, né? já que estou falando de mim) é mais difícil.

Mas vou fazer um esforço. Até porque sei que depois que começa fica mais fácil.
É isso. Então vou contar uma historinha:

Era uma vez um ornitorrinco constipado. Ele havia pego um resfriado e sofria demais com seu bico que brilhava com o vazamento de coriza. Já havia procurado ajuda, mas todos se recusavam a ajudá-lo por alegarem que ele era um bicho muito metido: Para que ter um bico se era mamífero? - era o que sempre diziam. Abandonado e incompreendido, resolveu então procurar um famoso sábio que morava no pico da montanha mais alta da região. Todos temiam a excentricidade do velhinho, mas era sua última esperança. Chegando lá, o ornitorrinco foi recebido pelo sábio com muita cordialialidade e este ofereceu-lhe um chá que havia acabado de preparar. O ornitorrinco agradeceu a gentileza e bebeu o chá até o último gole, soltando a xícara e caindo duro no chão, sem respiração. Ele havia morrido envenenado. Mas seu problema de constipação foi resolvido, confirmava o sábio.

Moral da história 1:
Em terra de cegos um ornitorrinco é pato.

Moral da história 2:
Gurus podem até assoar os narizes alheios, mas se você não tem um nariz convencional, poderá sofre sérios efeitos colaterais para sua alma.

quinta-feira, setembro 08, 2005

Prescrição psicoterapêutica

Sim, eu tenho uma psicoterapeuta, o que significa que sou um quase-doido. (ou se preferir um eufemismo, "tenho uma natureza instável e relativamente complexa, cuja existência se torna um tanto quando desequilibrada". Enfim, o fato é que minha 17º psicoterapeuta recomendou que eu me expressasse mais, buscasse mais a espontaneidade e tentasse articular melhor a tchurma que vive aqui comigo. (entenda-se "aqui comigo" como "aqui dentro da minha cachola").

A partir de hoje, se eu realmente conseguir levar a cabo essa história, escreverei aqui o que me der na telha, goste quem gostar, afinal a grande vantagem de um blog é que vc escreve para si mesmo, mas com a esperança de que um interlocutor em mesma sintonia possa compreênde-lo (o que em geral tem uma boa dose de vaidade em jogo, é claro, já que nos representamos sempre pelas nossas máscaras. )

O outro lado positivo de um blog é que ele é essencialmente democrático: cada um tem a plena liberdade de fechar a janela ou até mesmo mandar o autor para PQP caso se sinta ofendido ou não goste do conteúdo.

É isso. E vou começar com uma descrição bem detalhada de mim:
Eu respiro. Pelo menos por enquanto.