sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Memórias III (Os Filhotes da Girafa)

Ah, essa eu não poderia deixar de escrever, pois trata-se daqueles aprendizados infantis ensinados pelos irresponsáveis (mas não tão conscientes) adultos, e que tem repercussão por toda a vida. Uma vez, visitando o zoológico com tias e primos, perguntei para uma tia o que eram as manchas que as girafas tinham em seus pescoços. E sabe-se lá de onde ela me trouxe a resposta de que eram os filhotes da mamãe-girafa.

Talvez para ela tenha sido uma resposta bobinha que deve se dar às crianças que perguntam muito, mas para mim foi impactante. Neste dia queimei muito miolos para tentar entender o que os filhotes faziam pregados no pescoço. Seriam eles carrapatos? Eles se despregariam e ganhariam patas? Ela os aprisionava? Eram pesados? Seriam só as costas deles e eles estariam por debaixo da pele? Porque não uma bolsa como as dos cangurus? Porque marrons? E as girafas ficariam sem manchas (filhotes) em algum momento? Existem girafas sem manchas fora do zoológico? Quais outros bichos também seriam assim? Eu e os meus irmãos também teríamos brotado da pele de minha mãe? Não. Eu havia visto a barriga dela crescer e sair de lá a minha irmã...



Enfim, muitas foram as perguntas para o um processador de dados de 8 anos. Tentava achar uma (zoo)lógica para este fato e em nenhum momento questionei a autoridade e sabedoria de um "adulto", e nesse caso a falha deveria estar comigo mesmo, mas eu precisaria encontrar as respostas...

Talvez este tenha sido um dos grandes impulsonadores para o que sou hoje. Um cara bem desconfiado, meio cético meio místico, um tanto inteligente um tanto louco (dizem), meio poeta meio "cavalo-batizado". E justifica a minha sede insaciável de saber e de auto-conhecimento, de buscar a verdade por trás do aparente, de saber o que se esconde por baixo das máscaras de todos. E claro, aprendi desde cedo a desconfiar de tudo, da autoridade dos adultos, da autoridade dos sacerdotes, da autoridade dos governantes. Tive que eu mesmo tentar entender o Universo, evitando sempre que possível os intermediários, que muitas vezes causavam "ruído" na comunicação.

Eis aí um novo projeto. Meu próximo livro, sobre a fantástica experiência do conhecimento sem intermediários. Talvez um paradoxal livro de auto-ajuda (já que este já se proporá a intermediar algo), um livro despertador de uma desprezada lógica infantil. Esse é o ponto! Um revolucionário livro de auto-ajuda infantil, para que as crianças desenvolvam sadiamente sua inteligência e auto-estima e não caiam nas garras dos terríveis sofistas: os adultos.

O livro se chamará "Os Filhotes da Girafa" e quem quiser, já pode fazer a reserva!

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