segunda-feira, abril 17, 2006

Fechado para balanço existencial

Longo tempo sem postar...
Na realidade longo tempo de introspecção...

A minha antiga amiga Crise Existencial resolveu me visitar novamente. Tive que fazer as honras e ser um bom anfitrião. Nesses momentos só tenho olhos para ela, me desculpem. Mas vai passar. Sempre passa. Exaustivamente sempre passa. Ela vai embora e carrega algumas minhocas minhas em sua mala. E dela, eu fico com um "vale-um-mundo-melhor" de crédito. É sempre assim...

Deixo aqui um trecho de um poema de Álvaro Campos. Esse poema me faz companhia no momento. Creio que defina bem o que costumo chamar de "ser um violino numa escola de samba". É como me sinto, muitas vezes. Estrangeiro. Alheio. Perdido, como um cão que caiu do caminhão da mudança...

"Não sei sentir, não sei ser humano,
Não sei conviver de dentro da alma triste,
Com os homens,
Meus irmãos na terra.
Não sei ser útil, mesmo sentindo ser prático,
Cotidiano, nítido
Vi todas as coisas e maravilhei-me de tudo,
Mas tudo ou sobrou ou foi pouco,
não sei qual, e eu sofri

Eu vivi todas as emoções, todos os pensamentos, todos os gestos.
E fiquei tão triste como se tivesse querido vivê-los
e não conseguisse.

Amei e odiei como toda gente
Mas pra toda gente isso foi normal
e instintivo
Pra mim foi a exceção, o choque,
a válvula, o espasmo.
Não sei se a vida é pouco ou demais pra mim.
Não sei se sinto demais ou de menos.
Seja como for a vida,
de tão interessante que é a todos os momentos,
a vida chega a doer, a enjoar, a cortar,
a roçar, a ranger, a dar vontade de dar pulos,
de ficar no chão,
de sair pra fora de todas as casas,
de todas as lógicas, de todas as escadas,
e ir ser selvagem entre árvores e esquecimentos"

(Passagem das Horas, Álvaro de Campos)

Eu respiro. Pelo menos por enquanto.

1 Comentários:

At 7:45 PM, Blogger Ka disse...

Q engraçado..tbm tenho uma antiga amiga chamada Crise Existencial...será q estamos falando da mesma? rs
Ai ai

 

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