A história da Beterraba
(ou "O menino que virou beterraba")
Era uma vez um garoto triste que não saía de casa. Não porque evitava, mas sim porque era mantido trancado a sete chaves num quartinho-torre no sexto andar de sua casa. Da janela era possível ver o mundo lá fora, por trás das árvores. Recebia de vez em quando a visita de pássaros que lhe traziam as novidades. Fato é que o menino era amarelo pela falta de sol e calado pela falta de amigos.
Um dia ele resolveu fugir de casa. Como não seria possível sair de casa sem levar uma bela surra da sua mãe, que nunca houve um dia sequer que ela tenha saído de casa (ela e a casa viviam de forma simbiótica, algo parecido com o Caracol, mesmo quando era necessário ir às compras a casa e o garotinho iam junto em suas costas) eis que o garoto queimou um pouco de seus miolos engendrando um grande plano de fuga, desenvolvendo um aparelho de vôo. Sim, ele já havia visto na TV (sua outra janela para o mundo mais distante) que dava resultado e o levaria longe dali.
Foi aí que o garoto tomou um banho como nunca havia tomado, tirando todo o ceroto e mofo, preparou um sanduíche de queijo prato de 3 andares (muita comida para a viagem, pensou), despediu-se da gata vira-lata girando-a pela cauda e amarrou seu lençol vermelho no pescoço (como na TV!), debruçando-se na janela, gritando "para o alto e avante" e despencando de uma altura de 18m.
A fuga foi rápida. Mal deu para ele entender porque a sua capa de vôo não havia funcionado. O garoto partiu-se em muitos pedaços, pois o sanduíche era grande mas não conseguiu amortecer a queda. Ali ficou o resto do menino, esquecido por dias, semanas e meses, virando uma pasta que foi absorvida pela terra. A doçura incubada do garoto estava ali. Em pouco tempo essa pasta transformou-se numa pequena raiz, que brotou dando origem a um pé de beterraba*.
E foi assim que surgiu a Beterraba. E é por isso que ela chora ao ser arrancada do chão.
(Lenda indígena-metropolitana contada pelo Pajé Eulálio Itaperuna)
*Beterraba: ( "better" (inglês) = melhor + "habba" (aramaico) = sozinho)
1 Comentários:
Querido, agora toda vez que vou comer beterraba me dá uma crise de choro, fico inconsolável, se me faltar ferro no sangue já sabe que a culpa é tua né? ;-)
um doce beijo pra você meu querido Pajé
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