A curiosidade matou o rato
Era uma vez, em uma pequenina cidade não muito longe daqui, um velho pizzaiolo chamado Lucello, que morava num pequeno apartamento com sua filha de 7 anos. Ficava em cima de uma pequena taverna a qual o administrava, servindo pizzas e algumas bebidas para os frequentadores do vilarejo. Sua filha, apesar de jovem, ajudava-o a preparar as massas e molhos das deliciosas pizzas que preparava nas frias noites para os famintos visitantes.
Lucello trabalhava todos os dias, sem descanso. Relativamente sem descanso, poderíamos dizer, já que era comum ouví-lo sempre dizer que amava tanto o seu trabalho que não podia nem chamá-lo de trabalho. Assim, dia após dia, acordava sempre muito cedo para começar a preparar as massas, enquanto sua filha dormia um pouco mais. Lucello só saía de casa aos domingos, para comprar tomates, ervas finas e outros condimentos que utilizava no preparo das suas famosas pizzas. Era quando aproveitava para passear com sua pequena filha Júlia, que adorava quando seu pai a deixava brincar de esconde-esconde na feira com as outras crianças.
Certa feita, porém, por motivo desconhecido, Lucello acordou e ainda era muito escuro. Tentou voltar a dormir mas não conseguia. Algo chamava sua atenção, até descobrir que era uma música que vinha do quarto de sua filha. Levantou-se silenciosamente e descobriu que, além dos sons de sininhos melódicos uma certa claridade também irradiava do quarto. Intrigado apressou o passo e colocou a cabeça na porta e o que viu, acreditem, arrepiou-lhe os cabelos dos pés à cabeça. Só que essa é um outra história e voltaremos a ela em breve.
Isso porque no mesmo momento em que Lucello olhava estupefato pela porta do quarto da filha no meio da madrugada, um mendigo que dormia bem em frente da taverna, também acordou com a claridade vinda do quarto da menina e depois de piscar os olhos por alguns momentos deixou cair a garrafa vazia de vinho barato que dormia abraçada consigo. Como estava sentado, a garrafa caiu de uma pequena altura. Não foi suficiente para que se quebrasse, mas foi responsável por atingir a cabeça de um pequenino camundongo que roía os farelos de pão que o mendigo havia jantado. O camundongo perdeu os sentidos e ali caiu, mergulhando num coma típico de roedores, que os fazem cair de barriga pra cima e a língua pendida para o lado esquerdo, com os dentinhos frontais à mostra. Deixemos pois o mendigo boquiaberto com a luminosidade por uns instantes e acompanhemos o camundogo a qual chamaremos de Míquei, por pura falta de criatividade e claro, por naquela ocasião o pequeno roedor não estar portando devidamente sua cédula de identidade.
Míquei havia parado há poucos metros adiante com o susto, e quando virou-se para checar se a garrafa ainda oferecia perigo pode constatar, aterrorizado, que o seu pequeno corpinho encontrava-se estatelado ao lado do mendigo boquiaberto. Ele então olhou para si mesmo e percebeu-se flutuando a certa altura do chão, coisa que não é comum em camundongos como ele. Assustou-se com a possibilidade de ter morrido, já que era pai de família - 36 filhotes - e sua esposa ainda o esperava em casa para o jantar. Com sua agora translúcida aparência, era bastante leve e se ligava ao seu corpo por um longo cordão de prata, que se esticava enquando se movia, bem parecido com o queijo muzzarela das pizzas de Lucello.
Ops, quase me esquecia de Lucello, mas chegarei já já a ele. ;-) Míquei enquanto dava piruetas no ar percebeu uma certa claridade e uma singela música que vinha de uma janela logo acima dele. Tipicamente curioso, como é comum entre os roedores, foi em direação á janela descobrir o que se passava. Antes porém que coseguisse chegar ao parapeito, sentiu um saculejo no cordão que o ligava ao corpo tal como uma pipa. Olhou para baixo e viu um gato negro que lambendo os beiços cutucava seu corpo inerte, preparando para devorá-lo. Tentou gritar mas não adiantou. Sua salvação foi a curiosidade típica também dos felinos que fez o gato olhar para a claridade vinda da janela de Júlia, que mais parecia um grande farol de navios, tamanha era a claridade. O gato saltou na janela e congelou-se assim que olhou para dentro do quarto, tamanho era sua surpresa. Além da porta encontrava-se Lucello parado na porta do quarto. E a origem daquela claridade e da misteriosa música era enfim...
(ATENÇÃO: CONTO INTERATIVO. Prezados leitoras e leitores, queiram por gentileza escrever aqui o que o gato e Lucello viram, o que Míquei quase viu e o que o mendigo de longe não conseguiu ver no quarto de Júlia. A melhor resposta ganhará inteiramente grátis uma fotografia especial de Míquei, o rato esotérico e viajante astral.)
6 Comentários:
Eu bem gostaria de narrar o que vimos[sim, eu estava lá...] mas num transe hipnótico provocado pela intensa luz que deixou estatelado o Lucello,fez o mendigo largar a garrafa[que ainda bem estava sentado]na cabeça do pobre pai de 36 filhotes o Miquei que sentiu-se catucado pelo gato azarado quase morre devido a sua aguçada curiosidade de felino[lógico,era um gato]pois bem, eu narraria o que vi, pq eu vi! Mas a tal luminosidade tinha poderes e raspou minha mente de lembranças,e fez o mesmo aos meus companheiros de noite,óh! noite de luz clara clareou...
AFF! viajei legal,rsss
Linda semana
beijossssssssssss
Ah! obrigada pela visita,rsss
Acho que tudo não passou de uma noitada de amor entre a romântica fada Sininho e um serelepe Vaga-lume,
com direito a trilha sonora e beijinhos incandescentes,
todos ficaram estupefatos, pois Sininho, que é "moça de família", tem um pai que é uma fera...
bjs meu querido!
Eu quero a foto do Míquei mais que tudo nesse mundo! Pois bem, então vou contar o que eles viram: a luz, ora! E se você não sabe do que estou falando é porque não a viu e, nesse caso, jamais poderá compreender. Pescou?
Agora atenção, Míquei, CHEESE!
Eu concordo com a Carlinha, é tudo culpa do amor!
=)
não posso me lembrar, lembro que dois caras vestidos de preto e engravatados (mib) dispararam flashes consecutivos, nada me recordo daquele momento, alias, onde estou agora?
=D
Vejamos...
Lucello, ainda assustado, mal podia distinguir sua filha diante da claridade que provinha do quarto, caminhou vagarosamente ao encontro da cabeceira da cama e levou a mão à boca, aterrorizado. O gato arregalava os olhos verdes diante de tal coisa, que nunca mas nunca imaginaria ver em uma de suas 7 vidas. A luz do quarto pareceu aumentar fazendo Lucello, Míquei (que flutuando ácima de seu corpo não deixava de examinar um pequeno pedaço de queijo caído ao lado do pé do mendigo), o mendigo decidia-se por deixar de beber, dando tudo por uma alucinação barata, e o gato atraído á janela como mosquitos á uma lamparina. Bem, fez com que todos tentassem proteger-se de algo que em frações de segundos desapareceu.
O quarto voltou á seu estado normal, porém todos continuavam com as mãos, ou patas, á frente dos olhos.
O grito estrondoso de Lucello fez com que o gato pulasse da janela batendo em alguns galhos da pequena arvore plantada em sua frente, e tragicamente perdesse uma de suas 5 vidas restantes. O mendigo pôs-se a correr rua abaixo temendo que lhe pusessem a culpa por algo que nem imaginava o que seria, escutavam-se seus passos largos pela rua e seus murmúrios malucos, (o pobre foi mandado para o manicômio na manha seguinte atestando ter visto alienígenas na janela da menina Lucello.), o nosso pequeno Míquei por outro lado foi instantaneamente atraído para seu pequenino corpo imóvel, que, milagrosamente voltou á vida.
lucello, parado em frente a sua não mais jovem filha, examinava uma mulher feita, deitada serenamente, em cama alheia, dormitava, então era dali que vinha a musica, pensou o gato, que sendo curioso, e insistente como era, não se deixou abater pela perda de uma de suas vidas para subir novamente á janela. A bela musica saia de uma pequenina caixinha de musicas deixada cuidadosamente rente às mãos da mulher.
Míquei, cansado de tal pesadelo que acabara de ter colheu algumas migalhas de pão, as depositando em suas bochechas, levou para casa um belo jantar; prevendo as broncas da patroa, procurava de instante em instante algum presente especial que a fizesse calar se pelo menos á mesa enquanto encheria sua barriguinha de queijo provolone.
Postado ao lado da bela mulher e fitando seus cachinhos amarronzados que lhe caiam sobre os ombros belamente arrumados, Lucello fitava a caixinha divina entre as mãos da desconhecida. Foi então que reconheceu de uma memória que há muito já havia tentado apagar, a caixinha rosada, era, pois, de sua falecida amante, a única mulher que certamente amara! A amara mais que a sua própria esposa, que com desdém criticava sua cozinha e o aconselhava a abrir uma padaria, onde venderiam bolos confeitados e sonhos, mesmo sabendo que os desejos do marido corriam para os gostos salgados.
Continuando, a caixinha pertencia a seu único amor de homem para mulher na vida. Demasiado curiosa sua vista atraiu-se para a pequenina bailarina que dançava dentro da caixinha, rodopiava pra lá e para cá feliz, feliz. Foi quando sentiu enfraquecer-lhe os joelhos e o pobre homem sentiu-se desfalecer.
O gato, horrorizado, e ainda temendo perder mais uma vida, tão cuidadoso como sempre fora, desceu da janela pelos galhos finos da arvora e foi postar-se de frente a porta dos fundos esperando ansiosamente que chegasse a manhã e a doce Júlia lhe viesse afagar a cabeça e lhe dar um pouco de sardinha que sobrara do outro dia. Ali adormeceu, sonhando estranhamente com um rato que flutuava no ar preso por uma pequena corda a um outro rato desacordado ao chão.
Lucello acordou em cama sua, deu um salto e correu ao quarto da filha, a menina não estava lá, desceu as escadas e encontrou á porta a mulher do outro dia a afagar o gato do marceneiro dando-lhe os salmões do dia passado.
Ora, pois o homem quase teve um infarte ao reconhecer a mulher, pois não era nada mais nada menos que sua bela filhinha, que assustadoramente crescera na noite.
A pobre e bela menina, boba como era, achara em meio às velhas coisas da mãe, que havia morrido atropelada por um cabriolé, a pequena caixinha de musica; desejou ardentemente a Vênus, primeira estrela a aparecer ao céu, desejou ser a bailarina, que bailava feliz, ao som da leve valsa, monótona e apaixonante, que tira seus suspiros por semanas seguidas.
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